Em 12 de março, nove meses após ter sido levada à mão armada do próprio quarto, em Salt Lake City, a adolescente Elizabeth Smart foi encontrada viva em Sandy, Utah — a apenas cerca de 24 km de casa. Ela estava acompanhada de Brian David Mitchell, um andarilho que já havia prestado serviços como faz-tudo para a família Smart, e de Wanda Eileen Barzee. Ambos foram detidos pela polícia. Segundo as autoridades, Elizabeth não apresentava ferimentos aparentes, embora seu cabelo loiro estivesse oculto por um véu e por uma peruca para dificultar o reconhecimento.
O reencontro com os pais ocorreu na sede da polícia de Salt Lake City e foi descrito como profundamente emocionante. “Foi nada menos que um milagre”, disse o pai, Ed Smart, entre lágrimas, agradecendo às orações e à mobilização de tantas pessoas ao longo das buscas. “Agarrei minha filha no caminho todo para casa… precisei olhar duas vezes e perguntar: ‘É mesmo você?’”. O tio de Elizabeth, David, reforçou o sentimento da família: “Os milagres existem? Para nós, a resposta é sim”.
A localização de Elizabeth foi cercada de alívio e de surpresa pela proximidade do esconderijo em relação à residência da família. Encontrada em Sandy — uma cidade colada a Salt Lake —, ela estava com Mitchell, que se apresentava como um “profeta de rua” e atendia pelo nome de “Emmanuel”. Barzee, cuja relação precisa com Mitchell ainda não estava clara naquele momento, também foi levada sob custódia. Nenhuma acusação havia sido formalizada no instante do anúncio, e as motivações do sequestro permaneciam sem explicação pública.
Para a polícia, a prioridade imediata foi garantir o bem-estar de Elizabeth e ouvir seu relato. De acordo com familiares, ela demonstrou estar lúcida e atenta, fez perguntas sobre os irmãos e ficou surpresa ao saber que o caçula havia tirado notas máximas (straight A’s) no último boletim. Os investigadores destacaram a quantidade e a precisão de informações que Elizabeth foi capaz de oferecer assim que se sentiu segura.
O chefe de polícia Rick Dinse descreveu o momento do reencontro como tudo aquilo que se pode imaginar num caso dessa natureza: “emocionante, eletrizante… uma alegria para todos”. Do ponto de vista investigativo, o achado de Elizabeth, viva e em condições de falar, abriu caminho para compreender etapas do crime, eventuais deslocamentos, períodos de confinamento e estratégias utilizadas pelos suspeitos para mascarar identidades e rotinas.

Mitchell e Barzee permaneceram sob custódia enquanto a polícia reunia elementos para as próximas medidas. Enquanto isso, a família Smart, exausta e grata, lembrava que todas as crianças desaparecidas merecem voltar para casa como Elizabeth voltou. O caso, que paralisou a comunidade por meses, ganhou um novo capítulo: o do retorno e da reconstrução, amparados pela fé, pelo esforço contínuo de quem procurou e pela coragem de uma adolescente que, finalmente, pôde abraçar seus pais novamente.
Ela se tornou ativista de segurança infantil e dos direitos de sobreviventes de violência sexual, com foco também em tráfico de pessoas.
Ela fundou a Elizabeth Smart Foundation, que trabalha para empoderar sobreviventes, educar comunidades e prevenir a violência sexual, e costuma apoiar medidas e legislação de proteção como o AMBER Alert.

Font: ABC News